sábado, 7 de julho de 2012

Ser profeta é enfrentar a rejeição a favor do Reino e do Bem Comum




Povo de Deus, a liturgia deste domingo revela que Deus chama, continuamente, pessoas para serem testemunhas do seu projeto de salvação. Não interessa se essas pessoas são frágeis ou limitadas; a força de Deus revela-se através da fraqueza e da fragilidade desses instrumentos humanos que Deus escolhe e
envia. A primeira leitura nos mostra que Deus sempre envia profetas para nos chamar à conversão, mesmo quando não queremos escutá-los. O próprio Ezequiel conta como foi chamado por Deus e as consequências de sua adesão: “o Espírito entrou em mim e fez-me levantar”. Portanto, é o Espírito
que ilumina e orienta. O ato de alguém falar a Ezequiel, de chamá-lo, mostra-nos que a vocação vem de Deus. Ninguém chama a si mesmo. É Deus quem escolhe, convida e, obtida a resposta positiva, envia: “Eu te envio aos filhos de Israel”. Ezequiel caído, prostrado como todo povo exilado, recebe o espírito de profecia que o põe de pé e lhe permite discernir em meio a situações difíceis e obscuras o que Deus fala. Sua missão tem duplo sabor: experimenta a doçura do mel que brota da Palavra de Deus, mas esta mesma Palavra lhe causa amargura. Deve proclamá-la, sendo aceita ou não, mesmo rejeitada. Ser profeta é por em risco a própria vida. Na segunda leitura, Paulo relata aos Coríntios algumas das dificuldades com que se deparou ao optar pelo seguimento de Jesus. Paulo experimenta um “espinho na carne”: conflitos que quem segue Jesus encontra e enfrenta dentro e ao redor de si mesmo. Por dentro a pessoa se sente repleta de fraqueza e de necessidades. Por outro lado, há os conflitos que vêm de fora: “injúrias, perseguições e angústias
sofridas por amor a Cristo”. Porém, podemos descobrir que a nossa força pode estar escondida em nossa própria fraqueza e na graça de Deus. No início da missão na Galileia, Jesus foi aceito com entusiasmo pela multidão que o ouvia e acolhia a Boa-Nova, sobretudo entre os pobres e doentes. Mas ao mesmo tempo sofreu rejeição em sua terra natal, por parte de seus familiares e vizinhos. Seus conterrâneos esperavam um messias forte e dominador e não podiam imaginá-lo simples carpinteiro e filho e Maria. É o símbolo da não aceitação de um povo que mata os profetas enviados por Deus. Jesus vai a Nazaré e ensina na sinagoga. No início, quem se admira são os ouvintes,
porém, tal admiração não os leva à fé em Jesus, e sim à rejeição, pois veem nele uma “pedra de tropeço”. No final desse evangelho, é Jesus quem se surpreende com a falta de fé do povo, o que impede a realização de milagres, pois fora da fé um milagre perde o sentido. A Palavra de Jesus, neste domingo, nos convida a não depositarmos nossa confiança nos que chegam com aparência de grandeza. Jesus nos ensina a não ter medo de nossa fraqueza. Na sua trajetória, o fracasso mais absoluto se transforma em vitória e ressurreição. Jesus de Nazaré foi motivo de escândalo para os que ouviram só com os olhos humanos. A quem não quer crer, Ele nada revela. Mas a nós, reunidos na fé, Ele se revela em toda profundidade. A celebração é momento de assumir diante de Deus as nossas fragilidades, acreditando que só o que é assumido, pode ser transformado.
Boa celebração a todos!

Um comentário:

  1. Linda esta sua homilia da palavra do evangelho e das leituras. Nos leva a reconhecer no mundo de hoje também a mesma rejeição que Jesus sentiu naquela época, porque muitos que estão próximos de nós não acreditam que a graça de deus pode esdtar em nossas vidas. Que pela Graça de Deus e do Espírito Santo podemos ser santos. E assim como Paula que diz ter um "espinho na Carne", cada um de nós temos também nossas fragilidades, nossas fraquezas, nossos "espinhos na carne", e devemos estar assim com Paulo conscientes de que somos frágeis, somos limitados, de que somos pequenos diante de tudo que Deus nos concede. Cada um de nós temos espinhos na carne que muitas vezes nos afastam do propósito do evangelh de Cristo, e é descobrind em nós qual é este espinho em nossa carne, em nossa vida que nos enfraquece, que nos afasta do caminho que Nosso Senhor espera é que seremos conscientes de nossa fraqueza e de onde vem nossa força. então sim poderemos como Paulo dizer que temos um "espinho na Carne"mas a GRAÇA DE DEUS ME BASTA. e Se meus olhos estiverem voltados para Deus, se meus olhos estiverem voltados para Jesus então todo espinho, toda fragilidade que eu possa ter, será carregada pelas mãos Dele e eu poderei sim caminhar com Ele, e combater o bom combate, e ser vitoriosos com a certeza de que A GRAÇA DE DEUS ME BASTA. Deus o abençõe. Um bom domingo filho do céu.

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