domingo, 29 de julho de 2012

Dom Neri ordena um diácono e um presbítero para a diocese de Juína

Eles iniciaram a caminhada vocacional com dom Franco. Anos de desafios e alegrias. Muito estudo e pastoral. Foram esses requisitos que os fizeram crescer e fortalecer a fé. Os irmãos Derci Rocha de Souza, ordenado diácono, e Ronildo Rocha de Souza, ordenado presbítero, marcam história na diocese de Juína.

Ao cair da tarde do dia 28 de julho, na frente da catedral, percebia-se gente chegando e se acomodando para participar da ordenação desses jovens, que generosamente entregaram sua vida por amor a causa do evangelho.

O diácono é aquele que serve. Fomos salvos pela graça de Deus, sem nada pagar por isso. Mas não significa que agora, uma vez salvos, não iremos fazer nada. Cada cristão deve procurar, com insistência, entender quais os dons espirituais que Deus lhe deu e em que esfera de serviço Deus quer que ele trabalhe. Cada cristão foi salvo para ser um diácono de Deus.

Sendo assim, o diácono é alguém que usa seus dons espirituais para fazer os serviços que Deus designou para que ele faça, na vida diária da igreja ou nas reuniões; no ministério da Palavra ou na pregação do Evangelho; em serviços materiais ou em serviços espirituais.

Já o padre vive como Jesus na comunidade. Em nossa família, geralmente o pai ajuda a dar o bem estar da família, sustentando-a, educando-a e providenciando a saúde; enfim, é ele que costuma a se preocupar para que sua família cresça espiritualmente, moralmente, fisicamente e socialmente.

Na comunidade paroquial, cabe ao padre orientar o povo. A função do padre é ouvir, reunir e orientar as famílias, atender os doentes, administrar os sacramentos, transmitir a Palavra (para maior glória de Deus e formação do homem cristão). Pode-se resumir a função do padre em: pregar a Palavra, celebrar os sacramentos e governar o povo de Deus.

Derci e Ronildo assumem a missão de aproximar e favorecer o povo de Deus uma experiência que ultrapassa os limites terrestres. Missão árdua e difícil nos dias de hoje, mas confiantes em Deus nada é impossível.

A Celebração Eucarística, presidida pelo bispo diocesano, dom Neri José Tondello, também foi um meio para apresentar os colaboradores da diocese. O bispo ressaltou a generosidade dos italianos da diocese de Asti. A parceria com a diocese de Caxias do Sul e de Novo Hamburgo por terem enviado missionários para ajudar na evangelização da jovem diocese de Juína.

Ao mesmo tempo refletiu sobre os passos importantes que a diocese está dando com a ordenação dos padres da própria diocese. “São os frutos semeados por dom Franco”, ressaltou dom Neri. Aproveitou a oportunidade para apresentar três seminaristas missionários que serão ordenados para a diocese!

A alegria se estendeu durante toda a celebração, tanto para a família dos ordenandos, quanto para a comunidade juinense. Certamente a paróquia de Nova União é quem está muito feliz, pois durante a ordenação dom Neri anunciou e nomeou o Padre Ronildo como administrador paroquial para lá.

Dois fatos levaram a isso: o primeiro por Ronildo conhecer bem aquela realidade. Durante o diaconato ele passou animando e reunindo o povo daquela paróquia. E o segundo motivo é por ele ser jovem, fortalecido tanto pelas energias físicas, quanto pela força e entusiasmo na missão.

Resta-nos acompanhar esses jovens na missão. Rezemos para que eles permaneçam fiéis e entusiasmados, mesmo diante das dificuldades que aparecerão ao longo da caminhada.

Bote Fé Juína reúne milhares de jovens

A cidade estava em silêncio, ainda era escuro, mas uma equipe de prontidão já se preparava, montando a Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora, para serem acolhidos pela comunidade juinense no Cruzeiro, entrada da cidade.

Às 6hs da manhã do dia 23 de julho foi emocionante. Cantos, oração e meditação marcaram esse momento. O bispo diocesano, Dom Neri José Tondello, abriu o Bote Fé Juína, ainda no Cruzeiro, com a celebração de recepção dos símbolos. Na ocasião ele enfocou a importância dos símbolos estarem na diocese e completou: “Este é um momento de graça. A Cruz Peregrina, presente do Papa João Paulo II, vem cheia de benção, juntamente com o ícone de Nossa Senhora. É um momento ímpar para a nossa diocese”.

Após a recepção da Cruz, seguiu-se em carreata pelas comunidades da cidade. A comunidade Nossa Senhora da Paz fez bonito. Ao som de muita música e alegria fez com que todos cantassem e caíssem as primeiras lágrimas dos peregrinos.

Todas as comunidades prepararam uma surpresa. Mas vale apena destacar a comunidade São Francisco pela recepção que as crianças do Oratório fizeram. Eram os anjinhos, sendo instrumento de Deus, ajudando os adultos a cantarem e rezarem.

Outro momento marcante foi na Comunidade santo André/Mosteiro. A Cruz Peregrina desceu pela primeira vez. Visitou o mosteiro das irmãs capuchinhas, que preparam uma bela recepção da Cruz. Podia-se ver a alegrias das monjas. Elas não esconderam a gratidão a Deus ao estarem perto dos símbolos da JMJ.
Ainda pela manhã a Cruz dos jovens e o ícone de Maria percorreram o centro da cidade. As pessoas saíam para a rua, a fim de verem os símbolos passarem. Acenos e aplausos eram os sinais de que o povo juinense aguardava este momento.

Não pensem que depois de tudo isso a juventude estava cansada. Era só o começo de um dia com muitas graças, como disse Dom Neri. Os jovens não se cansavam de cantar, tocar e fazer muito barulho, manifestando a alegria em estarem tão próximos da Cruz e de Maria. Com o refrão: “Ela vem de dentro, de dentro ela vem, toda energia que o jovem tem”! Fazia com que os jovens mostrassem sua força e seu dinamismo.
A segunda descida da Cruz foi na paróquia Santo Agostinho. Com a comunidade presente e com os jovens aos pés da Cruz o padre Oberdan conduziu a reflexão sobre a teologia da Cruz. Ao deixar a paróquia, a carreata seguiu para os lugares onde a vida se encontra em risco: Albergue, Lar dos idosos, Cadeia pública e hospitais.

Chegamos ao Colégio São Gonçalo, onde aconteceu a Missa da Luz. A quadra de esportes ficou lotada de gente. Todos ansiosos para tocar e ver de perto a Cruz e o quadro de Maria. Ao som do hino do Bote Fé, a Cruz passou pelas mãos dos jovens que estavam perfilados do início da quadra até o altar. Frases como: “que coisa linda!”, “Que emoção!” ouvia-se a cada minuto.

Na homilia o bispo fez questão de estar perto dos jovens e dos símbolos que nos acompanharam o dia inteiro. Na ocasião dom Neri falou das cruzes que os jovens carregam no seu dia a dia, além de destacar a morte de tantos jovens por este país.

Aproximam-se os últimos momentos do dia 23. A juventude e todos que participaram da Missa se organizam para mais uma celebração: a Via Luz, motivada pelo padre Oberdan e pelos seminaristas Tailon e Gustavo. Enquanto se rezava e meditava, os jovens carregavam a Cruz nas mãos e davam sentido aquele momento. Não como momento de sofrimento, mas momento único, inexplicável. Momento de alegria, porque estavam certos de que a Cruz não é o símbolo de tristeza, mas de alegria, porque ela se esvaziou, com a ressurreição de Cristo!. Um dos jovens que carregava o ícone de Maria demonstrava muito cansaço. Perguntei: você quer que outra pessoa te ajude? Ele respondeu: “o cansaço que estou sentindo não se compara a dor e sofrimento que Maria, nossa mãe querida, passou ao ver seu Filho na Cruz”. E ainda: “deixe-me levar”!.

Ao ouvir isso e por tudo que vivenciamos durante este dia, compreendi ainda mais, quando um jovem de Juara, diocese de Sinop, disse ao entregar os símbolos para a diocese de Juína: “Vivam intensamente este momento, pois só quem já esteve perto desta Cruz e de Maria compreende a transformação interior que acontece”.

Por onde ela passa o jovem não é o mesmo. Ela transforma, nos remete a reflexão, faz com que vejamos a nova vida que brota depois da dor. A Cruz é o nosso sinal de libertação, de vida nova, de compromisso. Depois do Bote Fé Juína cresce a responsabilidade e fervor juvenil.

Pão: princípio da unidade na partilha


A liturgia de hoje aponta para um mundo novo, sem fome e sem miséria. Convida-nos a refletir sobre a partilha e o amor fraterno. Como cristãos, somos convidados à unidade e ao testemunho de vida comunitária. Não é possível amar os nossos irmãos se não soubermos dividir com eles o nosso pão, os nossos dons. A primeira leitura descreve o gesto de um homem de Baal-Salisa que, durante uma carestia provocada pela escassez de chuvas, oferece a Eliseu 20 pães de cevada. O profeta não guarda para si o alimento, mas convida o homem a distribuí-lo para as 100 pessoas que se encontram perto dele. A decisão de Eliseu é de partilhar o dom recebido com todos os que se encontram necessitados. Não deveria ser também este o nosso gesto de partilha e doação? O Apóstolo Paulo, (segunda leitura), suplica aos Efésios a serem humildes, e se colocarem a serviço dos irmãos. Comportar-se com mansidão paciência e amor. Devem viver unidos, porque o centro da vida cristã é a unidade: “Um só corpo, um só espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus Pai de todos”. Não que todos devam ser iguais e que não possa haver diferentes maneiras de pensar e agir, mas devem cultivar a unidade na diversidade. O apóstolo sinaliza os bens a serem partilhados: humildade, paciência, mansidão, amor, devem ser multiplicados por todos a cada dia. João em seu evangelho nos convida a entender o milagre da multiplicação dos pães. É um gesto de Jesus que não é difícil de interpretar: é um convite para a fraternidade, para a participação, para a renúncia de possuir e guardar para si. É surpreendente que, quem pôs à disposição de todos o pouco alimento que tinha era um menino. Ele é o discípulo convocado a colocar a disposição dos irmãos tudo aquilo que possui; simboliza o milagre que pode acontecer quando o egoísmo dá lugar à solidariedade, ao pensar no “nós” e não no “eu”. É preciso que homens abandonem o próprio egoísmo, a ganância e acertem a lógica do Reino, a lógica da partilha e o milagre pode se repetir também em nossos dias. Na Comunhão, Jesus entrega-se a todos. Ele mesmo é o pão que alimenta a quem têm fome do seu infinito amor. Ele é o milagre. Ao comungarmos estamos levando Jesus para o mundo. É preciso levá-Lo a todos, partilhar com os outros o que dele recebemos. Esta é a nossa missão. Tal como Ele pediu aos apóstolos, é preciso que nada se perca do que recebemos de Jesus. Esta é a lógica com a qual é possível alimentar uma multidão com cinco pães e dois peixes, este é o milagre de nosso Deus em nós. 
Uma ótima celebração a todos!

domingo, 22 de julho de 2012

JESUS VIU UMA GRANDE MULTIDÃO E TEVE COMPAIXÃO


Na liturgia de hoje, temos duas grandes lições a aprender. Vimos que os apóstolos retornaram de sua missão e contaram a Jesus o que tinham feito e ensinado. Jesus, por sua vez, sente-se inundado de alegria no Espírito Santo e dá graças. Então, esta é a primeira lição: se a cada domingo somos enviados à missão, também nós voltaremos sempre para junto de Jesus, para contar a Ele o que fizemos e ensinamos, transformando, assim, a ação missionária em ação de graças. 
Que nós possamos fazer ressoar hoje a voz de Jesus: eu vos dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, por tudo o que realizastes na semana que passou. A segunda lição está na necessidade de o evangelizador, o apóstolo, ficar a sós com Jesus, de retirar-se para um lugar solitário. O retiro é a base da espiritualidade cristã. Jesus, após as missões apostólicas, retirava-se para as montanhas,onde permanecia em oração durante a noite. Na segunda parte do Evangelho deste domingo, Jesus teve compaixão do povo que parecia ovelha sem pastor e começou a ensinar-lhe muitas coisas.
Serão bons pastores se souberem, em sua ação, parar um pouco, retirar-se com Jesus e reabastecerse na comunhão com Cristo. Então, poderão formar um só povo em Cristo Jesus. Isso vale não só para os bispos e padres, mas para todos os cristãos. É o que acontece nas assembleias dominicais.
Ideal seria que esse “repouso” acontecesse constantemente na vida dos cristãos. Esse “repouso” deve ser breve e durar o tempo “da travessia do lago”. Jesus se apresenta como o bom pastor: compassivo, carinhoso e atento às necessidades da multidão. Ele tem compaixão deles e se faz um
com todos. A espera impaciente e angustiada do povo incomoda Jesus e deve incomodar a cada um de nós que nos comprometemos com Ele. 

Um bom domingo e uma boa semana cheia de Graça!

sábado, 21 de julho de 2012

Meu Bom Pastor

Meu bom pastor te procuro nesta hora
Pra poder tocar nem que seja em tuas vestes
Me rendo a ti, sou ovelha machucada
Quero repousar, descansar em teu aprisco.
Neste pranto te entrego a minha prece e te peço: traze
alento em meu viver
Te suplico piedade, ó meu amigo, não me deixes
caminhar sem direção.
Em tuas mãos deposito minhas chagas
A raiz da dor, que entristece o meu sorriso
Existe em mim, tanta mágoa escondida
Que o tempo deixou e por isso eu te imploro.
Vem curar tudo o que em mim está ferido, vida nova
onde a morte trouxe a dor.
Vem tirar-me do sepulcro da tristeza, vem curar meu
coração meu bom pastor.
Vem curar tudo o que em mim está ferido, vida nova
onde a morte trouxe a dor.
Vem tirar-me do sepulcro da tristeza, vem curar meu
coração meu bom pastor.
Meu bom Senhor, como eu te amo e quero amar cada vez
mais
Faze em mim a tua obra e leva-me por onde quiseres
Meu bom pastor.Meu bom pastor

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bote Fé Juína


O momento é de ansiedade e ao mesmo tempo de alegria. Estamos nos preparando para acolher em nossa diocese os símbolos da Jornada Mundial da Juventude, deixados pelo saudoso Papa João Paulo II. A programação é intensa, mas estamos certos que a passagem da Cruz e do ícone de Nossa Senhora em Juína vai dá novo vigor, sobretudo a Juventude.

Nossa vez de estar próximo da Cruz Peregrina e do ícone será no dia 22 de Julho, quando uma equipe vai à Juara, diocese de Sinop, pegá-los. As atividades na diocese de Juína iniciam às 6hs da manhã do dia 23, no Cruzeiro, que fica a 12km da cidade. A partir daí segue a programação:

• Dentro da Cidade: Através da BR 174 entra no Bairro Pe. Duílio - vai até a comunidade Nossa Senhora da PAZ- volta pela Av. Joinvile até a Com. Nossa Senhora de Lourdes – segue para o Bairro Palmiteira – Faz uma parada no Oratório São Francisco. Depois segue para o bairro Industrial pela Av. Joinvile e entra na Com. São Cristovão, que segue pela Av. JK (travessia urbana) até o Bairro São José Operário, na Com. São José Operário.

• Segue passando ao lado do Colégio São Gonçalo, entra na Av. Beija-Flor, pára em frente à UPA, depois segue para Com. Nova Aliança – em seguida passa em frente à Escola 7 de Setembro - segue à direita até a Com Santo André e Mosteiro - segue pela Av. Bahia  até à Com João  Paulo II - faz a volta no Quarteirão e  entra novamente na Av. Bahia  em direção à Rua Medianeira, contorna a Com. Sta. Luzia, sobe a Av. Maringá até a Av. Londrina  novamente até o final do asfalto em direção à Com. Santa Catarina. Volta à Av. Londrina até a Av. Mato Grosso em direção à Paróquia Santo Agostinho.


À tarde:

Saída da Paróquia Santo Agostinho, em direção ao Albergue pela rua Santa Catarina até a sub-estação, entra à direita até a Av. D. Aquino, desce até o Albergue.  Do Albergue pega a rua que liga D. Aquino à Av. JK- chegando ao Lar dos Idosos e passa em frente à Igreja.  Depois segue pela Av. JK até o Presídio. Sai do presídio pela AV. JK até a Policlínica – desce pela rua dos fundos do Colégio Presbiteriano até a Com. Nossa Senhora Auxiliadora – faz o contorno na Igreja e volta para a rua Gabriel Muller até a Rodoviária – segue  pela  rua entre  o Guilherme  e o Hospital Municipal - pára em frente ao Hospital Municipal - pára  em frente à Prefeitura e segue  pela Av. 9 de Maio até a Av. Mato Grosso - faz o contorno na Praça da Bíblia – sobe a Av. 9 de Maio até o Simionatto – desce novamente  até o Hosp. São Geraldo- cont. até a Av. dos Jambos – segue em frente à feira e pára em frente à Mãe Gestante. Desce e pára na lateral do Hosp. São Lucas – entra na 1ª rua à esquerda, depois à direita até o Colégio São Gonçalo.

Na quadra do Colégio Salesiano São Gonçalo ocorrerá a Celebração Eucarística, presidida pelo bispo dom Neri. Este vai ser um momento forte, pois logo após a celebração os jovens carregarão a cruz nos braços até o galpão de eventos da catedral. Após a benção solene haverá um grande momento de louvor e agradecimentos ao Deus da vida.

O dia 24 também será especial. Durante todo o dia os movimentos e pastorais farão momentos de reflexão ao redor da Cruz. A programação está assim:

06:00h - Oração da manhã – responsável – os consagrados presentes na cidade;
07:00h - Ministros da Eucaristia;
08:00h - Oratórios e estudantes de Juína;
09:00 – Catequese;
10:00h – Pastoral da Saúde e Apostolado da Oração;
11:00h - Pastoral da Criança;
12:00h - RCC;
13:00h - Lareira;
14:00h - Colégio São Gonçalo;
15:00h - Celebração de Envio – Mística da Cruz;
17hs – A Cruz e o ícone seguem para Brasnorte, onde haverá celebração com os fiéis, em seguida a diocese de Diamantino vai viver o seu momento forte de espiritualidade, com sua programação.

sábado, 14 de julho de 2012

“Expulsavam muitos demônios...”


Povo de Deus, no Evangelho de Marcos, desde o início de sua missão, Jesus forma um grupo de seguidores. Um pouco adiante, ele constitui “os Doze” para ficarem com ele e fazerem o que ele mesmo vem fazendo.
No Evangelho deste domingo, Jesus envia esses Doze, dois a dois. Dá-lhes poder sobre as forças que querem destruir a vida – na linguagem do Evangelho, “sobre os espíritos impuros”. Recomenda que andem desarmados, que não levem nada para o caminho, que confiem em Deus e na bondade do povo. Jesus lhes deixa claro que a força que vence os poderes do mal não é a dos recursos materiais e das técnicas sofisticadas – embora essas coisas possam ajudar também. Ao contrário, o poder que vence os “demônios” é aquele que vem de dentro: o amor sincero, a solidariedade, a coerência de vida. Essas coisas revelam a fé que “move montanhas” e é capaz de expulsar os demônios, ou, na linguagem do Evangelho de João, “tirar o pecado do mundo”.
            Jesus previne seus enviados: nem sempre serão bem aceitos. Ao lado daqueles que os acolhem em suas casas, haverá aqueles que nem os receberão e muito menos escutarão seu anúncio e suas denúncias. Apesar disso, é preciso cumprir a missão. A palavra profética precisa ser proclamada. As pessoas não podem continuar escravas de nenhum poder que as oprime e destrói. Mas também não dá para gastar todo o precioso tempo e as melhores energias com pessoas que não querem ouvir. “Se em algum lugar não vos receberem nem quiserem vos escutar” – diz Jesus – “quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles”.
A história de Jesus e de seus discípulos será semelhante à dos profetas, será como a sorte de Amós, por exemplo. Amós, um agricultor do Reino do Sul, pregava no Norte, em Betel, porque ele e muita gente sentiam um forte apelo de Deus para denunciar as políticas injustas do rei e dos sacerdotes daquele templo. Era preciso “expulsar os demônios” de lá. Porém Amasias, o chefe dos sacerdotes daquele santuário, expulsou Amós, como ouvimos na 1ª leitura desta celebração. Amós então, de alguma maneira, “sacudiu a poeira dos pés como testemunho contra ele”, respondendo a Amasias que ele não era profeta profissional, que ele não estava ganhando seu pão com a missão profética. Ao contrário, era um agricultor que sentiu o apelo de Deus para proclamar a sua palavra de alerta e de denúncia.
            Como Amós, os Doze também não eram profissionais da religião. Mas, convocados por Jesus, eles aceitam o desafio e vão. Pregam a conversão, anunciam a proximidade do Reino de Deus, libertam muitas pessoas de escravidões, curam muitos doentes. Mais adiante, o texto de Marcos nos informará sobre o bom êxito dessa missão.
            No Brasil de hoje, parece que os “espíritos impuros” encontram sempre novos espaços para se abrigar e estragar a vida do povo. Uma de suas expressões atuais é a corrupção que ronda e se instala nos “templos de Brasília”, conforme vem sendo amplamente divulgado pela imprensa. Quem serão os Amós de hoje, capazes de denunciar de maneira eficaz tudo isso? Quem serão os Doze de nossos dias, a “sacudir a poeira dos pés, como testemunho contra eles”?
            A missão de Amós e dos Doze se transforma em proposta e desafio para nós, hoje. Toda a comunidade cristã é chamada a ser profética e missionária. O Evangelho diz que Jesus “começou a enviar” os discípulos, o que sugere que ele continua a fazer isso até hoje. Certamente nem todos podemos ser apóstolos como os Doze nem profetas como Amós, mas, de alguma forma, todos podemos colaborar. Podemos apoiar os movimentos proféticos e as pessoas que se destacam dentro deles. Além disso, temos de trabalhar todos para que surjam, entre nós, sempre de novo, profetas como Amós e apóstolos como os Doze.

sábado, 7 de julho de 2012

Ser profeta é enfrentar a rejeição a favor do Reino e do Bem Comum




Povo de Deus, a liturgia deste domingo revela que Deus chama, continuamente, pessoas para serem testemunhas do seu projeto de salvação. Não interessa se essas pessoas são frágeis ou limitadas; a força de Deus revela-se através da fraqueza e da fragilidade desses instrumentos humanos que Deus escolhe e
envia. A primeira leitura nos mostra que Deus sempre envia profetas para nos chamar à conversão, mesmo quando não queremos escutá-los. O próprio Ezequiel conta como foi chamado por Deus e as consequências de sua adesão: “o Espírito entrou em mim e fez-me levantar”. Portanto, é o Espírito
que ilumina e orienta. O ato de alguém falar a Ezequiel, de chamá-lo, mostra-nos que a vocação vem de Deus. Ninguém chama a si mesmo. É Deus quem escolhe, convida e, obtida a resposta positiva, envia: “Eu te envio aos filhos de Israel”. Ezequiel caído, prostrado como todo povo exilado, recebe o espírito de profecia que o põe de pé e lhe permite discernir em meio a situações difíceis e obscuras o que Deus fala. Sua missão tem duplo sabor: experimenta a doçura do mel que brota da Palavra de Deus, mas esta mesma Palavra lhe causa amargura. Deve proclamá-la, sendo aceita ou não, mesmo rejeitada. Ser profeta é por em risco a própria vida. Na segunda leitura, Paulo relata aos Coríntios algumas das dificuldades com que se deparou ao optar pelo seguimento de Jesus. Paulo experimenta um “espinho na carne”: conflitos que quem segue Jesus encontra e enfrenta dentro e ao redor de si mesmo. Por dentro a pessoa se sente repleta de fraqueza e de necessidades. Por outro lado, há os conflitos que vêm de fora: “injúrias, perseguições e angústias
sofridas por amor a Cristo”. Porém, podemos descobrir que a nossa força pode estar escondida em nossa própria fraqueza e na graça de Deus. No início da missão na Galileia, Jesus foi aceito com entusiasmo pela multidão que o ouvia e acolhia a Boa-Nova, sobretudo entre os pobres e doentes. Mas ao mesmo tempo sofreu rejeição em sua terra natal, por parte de seus familiares e vizinhos. Seus conterrâneos esperavam um messias forte e dominador e não podiam imaginá-lo simples carpinteiro e filho e Maria. É o símbolo da não aceitação de um povo que mata os profetas enviados por Deus. Jesus vai a Nazaré e ensina na sinagoga. No início, quem se admira são os ouvintes,
porém, tal admiração não os leva à fé em Jesus, e sim à rejeição, pois veem nele uma “pedra de tropeço”. No final desse evangelho, é Jesus quem se surpreende com a falta de fé do povo, o que impede a realização de milagres, pois fora da fé um milagre perde o sentido. A Palavra de Jesus, neste domingo, nos convida a não depositarmos nossa confiança nos que chegam com aparência de grandeza. Jesus nos ensina a não ter medo de nossa fraqueza. Na sua trajetória, o fracasso mais absoluto se transforma em vitória e ressurreição. Jesus de Nazaré foi motivo de escândalo para os que ouviram só com os olhos humanos. A quem não quer crer, Ele nada revela. Mas a nós, reunidos na fé, Ele se revela em toda profundidade. A celebração é momento de assumir diante de Deus as nossas fragilidades, acreditando que só o que é assumido, pode ser transformado.
Boa celebração a todos!