sábado, 24 de novembro de 2012

CRISTO REI



Estamos no último domingo do ano litúrgico. Enquanto o ano civil termina em 31 de dezembro, o ano da Igreja está terminando hoje e nada mais justo do que celebrar o seu coroamento com o dia de Cristo Rei do Universo.
- JESUS CRISTO É REI?
Quem respondeu a essa pergunta foi o próprio Jesus. Nos momentos do julgamento, Pilatos fez esta pergunta, que estava incomodando a todos: “Tu és o Rei dos Judeus?” Ele respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo.” Mas “rei”, naquele tempo, era um homem conquistador, que punha todo mundo aos seus pés e saía dominando pela espada os povos vizinhos. Quanto mais longe ia o furor da sua espada, mais era respeitado como rei. Alexandre Magno ficou famoso na História pelas suas conquistas bélicas. Pilatos achou estranho ter um rei tão manso, de mãos atadas, em sua frente. Ele achou Jesus “um rei diferente”, muito diferente. Também era difícil para Pilatos imaginar o rei que era Jesus diante dos padrões do seu tempo. A pergunta implícita de Pilatos era esta: “Onde estão teus exércitos?” Então, a pergunta importante para nós a esta altura é “Em que consiste o Reino de Deus?”
-O QUE É O “REINO DE DEUS” OU O “REINO DOS CÉUS”?
É o domínio régio de Deus sobre nós. Como o seu reinado é o reinado do coração, o Reino de Deus é este viver fraterno de todos nós, que nos amamos por amor a Ele. “Trata-se de um modo de viver, aqui e agora, na presença divina invisível, mas percebida pelos seus sinais.” (Frei Clarêncio Neotti OFM in “ Ministério da Palavra – Ano A” – pag. 163).
-Como o coração humano é exclusivista, o Reino não advém sobre o coração humano que estiver já dominado por outro apego (os bens materiais, por exemplo)
- O Reino de Deus tem duas fases: uma atual, escondida e humilde, aqui na terra; a outra, futura, em glória e esplendor.
-Não confundir “Reino dos Céus” com “Paraíso Celestial”. Esse é a segunda fase do “Reino dos Céus”.
-COMO ENTRAR NO REINO DOS CÉUS?
Todo mundo quer entrar no Reino dos Céus. É só perguntar diante de uma multidão reunida para se ouvir o murmúrio do assentimento. Para entrar nele, o evangelho de hoje nos diz claramente o que fazer. É só “tratar bem a Jesus”, o qual continua a viver no nosso meio. E quais são as feições de Jesus para podermos reconhecê-lo neste mundão de Deus? “Cristo tem as feições das crianças abandonadas ou golpeadas pela deficiência física ou mental, as feições do jovem desorientado, as feições dos indígenas, que vivem em situação desumana, as feições dos camponeses sem terra, enganados pelo sistema comercial, as feições dos subempregados, as feições dos favelados, que devem viver ao lado da ostentação da riqueza, as feições dos velhos abandonados.”
A liturgia nos relata a paixão de Jesus, na qual Ele aparece como Rei. Onde está, ó Rei, o teu reinado? Onde estão teus súditos leais? Aonde se foram os incondicionais discípulos? Como ficaram todos os teus projetos bem-aventurados? Como é que esse, que se apresenta como rei-dos-judeus, nasceu de uma mulher, brinca com as crianças, atende os pobres e doentes, trata com todo tipo de pecadores e condena nossas leis humanas? Assim todos, por temor, desencanto ou indignação... Foram abandonando aquele Rei. Bem, nem todos. Lá estava Maria, algumas mulheres e João. E havia mais um, o da última hora: Dimas. Somente Dimas não empregou o condicional de quem duvida ou nega, mas o imperativo de quem tem certeza diante do acontecimento que seus olhos presenciam: "Lembra-te de mim". A resposta de Jesus não se fez esperar: "Hoje estarás comigo no Paraíso".
Aquele Rei e o seu Reino não terminaram. Aquele estar com Jesus e participar do seu reinado é o que os cristãos vêm celebrando e prolongando durante séculos. E é o que, neste último domingo do ano litúrgico, queremos especialmente recordar: que Ele é o Rei de toda a criação, o Rei de uma nova história, o Rei de uma nova humanidade.
O reinado de Jesus não é uma proclamação fugaz e oportunista, não é um discurso fácil e barato. É, nem mais nem menos, um devolver à humanidade a possibilidade de voltar a ser humana segundo o plano de Deus: a possibilidade de reempreender aquele caminho perdido que Deus oferecera outrora, e que uma liberdade não vivida na luz, na verdade e no amor, mandou para o espaço. O reinado de Jesus é esse espaço de nova história na qual é possível viver como filhos de Deus, como irmãos diante dos homens e diante de toda a criação.
Este reinado já começou e muitos homens e mulheres viveram assim. Mas também quantos ainda não vivem assim, nem diante do Pai Deus, nem diante do irmão homem, nem diante da irmã criação! Por isso, é um Reino de Jesus que está apenas começando, que se encontra sem terminar, sem sua plenitude final. Só existe um trono e este pertence a Deus: e nesse trono se oferece liberdade. Toda suplantação desse Rei suporá um caminho de escravidão, de inumanidade, de corrupção, como demonstra a história de sempre e a mais recente. Por Jesus Cristo Rei e por esse Reino é preciso continuar trabalhando, construindo-o cotidianamente com cada gesto, em cada situação e circunstância, para ir desterrando e transformando o que em nós e entre nós não corresponda ao projeto do Senhor.
Assim seja!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

“... A decisão é tua... "



Hoje estava ouvindo uma música muito bonita do Pe. Zezinho a qual Gosto muito, chama-se VOCAÇÃO e ouvindo-a fiquei refletindo sobre o evangelho de hoje que li pela manhã...Muitas vezes e muitas pessoas acham que vocação é somente para os padres, religiosas, religosos e se esquecem que todos nós somos vocacionados a uma missão para o serviço de Deus, seja na vida familiar, seja no nosso trabalho, ou em nossa comunidade, em alguma pastoral ou na comunidade como um todo. E pensando nisso lendo o evangelho fiquei refletindo... na frase de Jesus: "Feliz aquele que come o pão do Reino de Deus" e depois refletindo sobre a mensagem do evangelho do banquete que os convidados se recusaram a participar dando cada um uma desculpa, fiquei meditando a letra desta música da Vocação e pensei, quantos neste mundo de hoje fazem a mesma coisa... eu, você.... muitos!!!A letra da música diz: “... A decisão é tua... são muitos os convidados, quase ninguém tem tempo” e a mensagem do evangelho vem nos dizer a mesma coisa. Deus tem um banquete preparado para todos nós e nos convida a todo momento a participar deste banquete, mas nossa resposta na maioria das vezes é adiar esse chamado. Deus nos diz, vem para meu banquete, porque deus quer o nosso melhor, ele TEM para nós o melhor, mas muitos ainda preferem escolher as migalhas, continuar com as migalhas , viver com a migalhas. Deus nos chama a todo momento para esse banquete, para essa mesa farta, para uma vida de reconciliação com ELE, para uma vida de bênçãos, de graças e de santidade, mas muitos preferem as migalhas.... Quantas vezes seu coração ouviu este chamado e vacilou? Este chamado de deus pedindo para você voltar, se reconciliar, fazer uma mudança de vida radical por ele, uma adesão radical por sua presença, por sua proposta de vida e preferiu adiar, continuar comendo migalhas do mundo, da ilusão ao invés de partilhar das graças que Deus tem preparado, do lugar que Deus reservou para você desde antes de você nascer, quando ele te projetou na mente dele, muito antes do ventre de sua mãe. Hoje novamente nesta liturgia ele nos chama... vem para perto de mim, vem para o meu banquete... São muitos os convidados todos os dias, você está sendo convidado por Deus todo dia, está sendo convidado por Deus hoje novamente....
E qual será nossa resposta hoje para Deus? Vamos fazer agora, já, esta mudança de vida, vamos aceitar agora esta reconciliação e esta proximidade com Deus ou vamos preferir continuar comendo as migalhas?.... A decisão é tua! Vocação
Padre Zezinho
Se ouvires a voz do vento
Chamando sem cessar
Se ouvires a voz do tempo
Mandando esperar.
A decisão é tua
A decisão é tua
São muitos os convidados
Quase ninguém tem tempo
Se ouvires a voz de Deus
Chamando sem cessar
Se ouvires a voz do mundo
Querendo te enganar
A decisão é tua
A decisão é tua
São muitos os convidados
Quase ninguém tem tempo
O trigo já se perdeu
Cresceu, ninguém colheu
E o mundo passando fome
Passando fome de Deus
A decisão é tua
A decisão é tua

sábado, 3 de novembro de 2012

"Quem são esses vestidos de roupas brancas? Esses são os que vieram da grande tribulação". (Ap 7,2-4.9-14)


Caminho da Santidade


Na reza do "Creio", professamos uma verdade:
"Creio na Comunhão dos Santos".
Hoje, na festa de TODOS OS SANTOS,
vamos aprofundar essa Verdade.

Os textos bíblicos nos falam dessa realidade:

A 1a leitura nos garante que os Santos são muitos. (Ap 7,2-4.9-14)

O número 144.000 é simbólico: 12x12 mil: significa todo povo de Israel...
e mais uma grande multidão de todos os povos e línguas...
O Caminho da santidade está aberto a todos que vivem os valores do Reino.

A 2a Leitura afirma que somos Filhos de Deus:
O Amor de Deus como Pai nos transforma em filhos
e nos chama a viver como irmãos.  (1 Jo 3,1-3)
Ser Santo é viver em comunhão com o Pai e o Filho.

No Evangelho, Cristo nos aponta o caminho para ser Santo:
Viver as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12)

+ Quem são os santos:

- Para muitos, Santos são pessoas já mortas,
  que realizaram no passado fatos surpreendentes na vivência da fé.
  Pessoas privilegiadas que já nasceram santas...  milagreiras...
  declaradas santas pela Igreja e hoje homenageadas em nossos altares...

- Na Bíblia, no princípio, o título de santo era só para Deus.
  Ainda hoje no Glória, recitamos: "Porque só vós sois santo".

- Em Cristo repousa o Espírito de Santidade…
  Ele irradia a Santidade de Deus e transmite a sua santidade à Igreja
  por meio dos Sacramentos, que trazem ao homem a vida de Deus.

- Esta doutrina era tão viva nos primeiros séculos,
  que os membros da Igreja não hesitaram em chamar-se "os santos"
  e a própria Igreja era chamada de "Comunhão dos Santos".

- A SANTIDADE cristã manifesta-se, assim,
  como uma participação na vida de Deus,
  que se realiza com os meios que a Igreja oferece,
  em particular com os Sacramentos.

- A SANTIDADE: não é fruto do esforço humano,
  que procura alcançar Deus com suas forças,
  Ela é Dom do Amor de Deus e Resposta do homem à iniciativa de Deus.
  É GRAÇA recebida e TAREFA a cumprir...

- A SANTIDADE não é uma realidade conseguida apenas no passado
  por umas pessoas privilegiadas, vivendo longe do mundo...
 
- SANTOS são pessoas como nós, que ainda hoje vivem a santidade de Deus,
  pelo testemunho de sua fé e fidelidade ao projeto de Jesus;
  homens e mulheres que lutam para serem justos e pacificadores,
  pobres e compassivos, puros de coração,
  segundo o espírito das Bem-aventuranças.

- Pessoas de todo o tipo, desde o bom ladrão,
  que se salvou no finalzinho por um gesto de solidariedade
  com o companheiro de Cruz,
  até vidas inteiras dedicadas ao próximo.
  Ninguém será santo depois de morto, se não o foi quando vivo.

+ A Festa de hoje nos lembra duas realidades:

1) O Mundo da Santidade:
Mundo imenso, onde os santos são inumeráveis.
- Mundo maravilhoso, onde muitos desses santos são nossos parentes,
nossos amigos, gente grande e crianças que conhecemos.
- Mundo feliz realizando-se na vida de trabalho e sofrimento,
de sonhos e realizações.
- Mundo de portas abertas, que cresce sem parar,
e, cada dia que passa, vê chegar novos eleitos.

2) A Nossa vocação à Santidade: 
O Mundo dos santos não é estranho para nós.
Pelo contrário, todos somos chamados à Santidade,
todos somos chamados a alcançar no mundo de hoje a plenitude da vida,
que está nessa íntima união com Deus, fonte de toda a vida.
 "Todos os cristãos são chamados pelo Senhor à perfeição da santidade". (LG31)

+ O Objetivo dessa Festa:

- Homenagear todos os Santos que morreram no Senhor, conhecidos ou não...
- Apresentar o ideal da SANTIDADE, como possível ainda hoje e
  ardentemente desejado por Deus:
  "Esta é a vontade de Deus, a nossa Santificação". (1 Ts 4,3)

+ A Santidade é participar da vida de Deus, que é "o Santo".
   E sendo nós pecadores, supõe um processo de conversão permanente...

- Para sermos santos, Cristo nos deixou alguns meios:
  à Os Sacramentos... a Igreja... a Oração … a Palavra de Deus

* Nas famílias, em que não há cinco minutos para a Oração e
   para a Palavra de Deus, poderemos esperar frutos de santidade?

  Acolhamos o Apelo de Deus à Santidade…
  e que os Santos sejam nossos modelos e intercessores nessa caminhada.

Texto produzido pelo
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 04.11.2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"Eu sou a Ressurreição e a Vida" Jo 11,21-27



Li e reli o evangelho de Hoje, e fiquei tentando entender a real síntese dele, lógico levando em conta toda magnitude de Jesus diante do sofrimento de saber que seu amigo se fora, mas que nele se realizaria o plano de Deus. Porque fica evidente desde o início nesta passagem do evangelho que Jesus se mostra como verdadeiro Homem e verdadeiro Deus. Ao saber que o amigo estava doente, Jesus disse aos discípulos que Lázaro Dormia e ele iria despertá-lo. Simbolizando nesta afirmação que Deus vê a morte física como um sono do qual nos pode despertar, e o próprio Jesus demonstrou um poder absoluto com relação a esta morte. E quando Marta foi ao encontro de Jesus assim que soube que ele estava chegando primeiramente lamentou-se que Jesus não estivesse presente quando Lázaro estava doente porque sabia, acreditava que Ele o teria curado, porque já tinha visto com certeza Jesus curar outros doentes e o disse abertamente a Jesus que acreditava que se ele estivesse Lá o irmão não teria morrido. Mas também num ato de fé afirmou que acreditava que independente disso Jesus È realmente o filho de Deus e o que ele pedisse ao Pai ele o atenderia. Quantas vezes nós também nos afastamos de Jesus e duvidamos das maravilhas que ele pode realizar em nossa vida, principalmente nos momentos difíceis quando perdemos entes queridos. Mas Marta não duvidou, ela acreditava porque sempre buscou se aproximar de Jesus. E naquele momento ela professa essa fé a Jesus. E com Isso ele afirma ser “a Ressurreição e a Vida” e ele não estava falando apenas da morte Física, mas da morte da alma. “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. “Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá para sempre”.  Depois, acrescentou: “Crês nisto?” Essa é uma pergunta que Jesus dirige a cada um de nós com certeza hoje também, uma interrogação que certamente nos supera, ultrapassa a nossa capacidade de compreender e exige que confiemos nele como ele se confiou ao Pai. E Marta professa ele sua fé, sua certeza de que Nele tudo se realizará. E Jesus sentiu grande compaixão por Marta e Maria, então ele chorou, numa demonstração clara de que o coração de Cristo é divino e humano, nele Deus e Homem encontram-se perfeitamente unidos, sem separação e nem confusão. Porque Jesus é o Deus encarnado, cheio de misericórdia e ternura paterna que é vida. E quando perdemos nossos entes queridos encontramos em Jesus o consolo e compaixão para nossos sofrimentos, pois ele viveu entre nós e pode experimentar a tristeza que sentimos com situações de doença e de morte. Mas além de todas estas situações de reflexão, penso que neste evangelho especificamente fica mais visível a intensidade do amor e da amizade mostrada por Jesus. Sim, penso que hoje na reflexão deste evangelho podemos falar sobre o amor de uma grande amizade... Porque Evangelho cita várias atitudes de amigos verdadeiros, por exemplo: Jesus sair do seu roteiro e voltar à Judéia, onde estava sendo perseguido, para rever seu amigo ao saber que estava doente e os discípulos o acompanharem, mesmo sabendo do risco de morte que estariam correndo. As atitudes de Marta e Maria ao saberem que Jesus estava chegando, as lágrimas de Jesus, pelo amigo morto, e o milagre propriamente dito realizado por ele.
De todas as cenas deste Evangelho, a mais marcante, para mim hoje, é o momento em que Jesus chega à sepultura de Lázaro. Se você parar um pouco e fechar os olhos, vai visualizar Jesus à frente daquele buraco na rocha, fechado por uma grande pedra... Neste momento, Jesus esquece de todos os que estão ao redor dEle, e só fica lembrando dos momentos que havia passado com o seu amigo, que agora está "dormindo" lá dentro... E fica triste, pois sabe que aquele tempo não volta mais... E chora profundamente... E ainda com lágrimas nos olhos, faz a sua oração a Deus, sabendo que a Glória de Deus seria manifestada ali naquele momento por aquele amigo pelo simples fato do amor de Jesus por ele ser imenso e pela compaixão e amor pela família que estava ali presente chorando a morte dele, e pede que retirem a pedra que está lacrando a sepultura. Lógico que a reação das pessoas ali é de acharem que Ele enlouqueceu, e Jesus precisa insistir para que retirassem a pedra. Após retirarem, Jesus começa a gritar: "Lázaro!" Alguns dos presentes com certeza ali sentiram-se escandalizados, outros silenciaram possivelmente em sinal de respeito à "loucura" de Jesus acreditando certamente que suas atitudes eram movidas pela dor de não ter chegado a tempo, mas o Amigo continua a gritar: "Lázaro! LÁZARO! Vem pra fora!". Algumas das mulheres presentes começam a chorar, ao sentirem a grande amizade de Jesus por Lázaro... Até que, algum tempo depois, Lázaro aparece, coberto por faixas e com a cabeça coberta por um sudário. Então Jesus manda que retirem as faixas que o recobrem e alimentem-no. A partir de então, muitos creram nEle. Fico aqui pensando... Será que eu teria alguém aqui, neste mundo, tão meu amigo, que faria por mim o que Jesus fez por Lázaro? E você, teria? Alguém que se exporia, se arriscaria para ti ajudar... Alguém que abriria mão da sua segurança e conforto por ti... Alguém que choraria ao relembrar os momentos felizes e tristes das suas amizades, e sentiria saudades...

sábado, 27 de outubro de 2012

Quero Ver: Evangelho Mc 10,46-52

Hoje o evangelho nos ensina uma lição... Bartimeu, cego, marginalizado, "sentado à beira do caminho, pedindo esmola", percebe o que outros não percebem: Jesus de Nazaré que passa. A sua fé, mesmo se imperfeita, é um órgão mais luminoso do que a vista dos que enxergavam. É através desta fé que ele receberá de Jesus o dom da recuperação da visão. Curado "porque teve fé", Bartimeu "segue" Jesus pelo caminho. O itinerário deste cego é um forte testemunho de fé, iluminação, chamado e seguimento do Mestre. Bartimeu põe-se a gritar por iniciativa própria: "Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!". O título que dá a Jesus, "Filho de Davi" indica que ele, mendigo, apesar de cego, vê quem Jesus é com mais clare­za do que os discípulos e a multidão que têm estado com Jesus o tempo todo! Aquele homem, embora cego,  percebeu, pela luz do Espírito de Deus, que Jesus era a realização desta esperança.  Foi por isso que o cego tinha toda certeza de ser curado, de ser atendido pelo Filho de Deus. Embora algumas pessoas tenham  tentado fazê-lo calar-se, o cego não desistiu. Ele se levanta estende os braços e grita insistentemente, como deveríamos fazer em nossas orações diárias. Pedir com insistência e muita fé. E, porque insistiu, ele conseguiu. Quando o cego chamou Jesus de Rabbuni, ou seja "meu Senhor", demonstrou toda  sua confiança e fé.  E foi esta fé que o salvou. No Evangelho de Mateus ,ele narra a história paralela e tem dois cegos que pedem a ajuda de Jesus e, mo­vido pela compaixão, Jesus lhes tocou os olhos (Mt 20,33-34). No evangelho de hoje na versão de Marcos, Jesus não precisa tocar Bartimeu. Nem mesmo pre­cisa dizer "A tua fé te salvou!", porque o grito e as ações de Bartimeu revelam sua profunda fé. Jesus é seu mestre! É exa­tamente essa profunda confiança em Jesus que Marcos quer evocar dos destinatários cristãos de seu Evangelho. O cego recebeu imediatamente a visão e começou a seguir Jesus "pelo caminho". O pior cego é aquele que não quer ver. Aquele cego enxergou com  a alma, ou com o cérebro? Ou com os olhos da fé? Não sei. Só sei que foi através da luz do Espírito de Deus, que o fez ver, enxergar Jesus, O Messias, o próprio Deus encarnado, capaz de tudo, inclusive de curá-lo. As pessoas que rodeavam O Mestre, não tinham percebido com a mesma clareza, que Jesus era o enviado do Pai. É a cegueira da alma, a mesa que impedia os fariseus de ver Jesus como o Filho de Deus. É a mesma cegueira que impede muitos de nós de ver Jesus caminhando do nosso lado, ou nos chamando para segui-lo E nós quantas vezes temos nos mostrado sermos cegos para Jesus, cegos para ele presente vivo e ressuscitado em nosso meio. Fazendo parte de nossa vida diária e principalmente na eucaristia. Recebemos diariamente a misericórdia e as bênçãos de Jesus, mas as guardamos para nós, não "seguimos" com Jesus, paramos nisso. Não nos colocamos a serviço dele como discípulos, como missionários, como evangelizadores. Não abrimos nossos olhos para o nosso próximo, para fazer praticar a caridade, o amor que ele ensinou a compaixão. Para acolher um necessitado, visitar um doente, ouvir e consolar as pessoas aflitas, visitar  e evangelizar um preso. Ou até mesmo colocarmos em missão em serviço em nossa comunidade, em nossa paróquia. SERVIR a Jesus na igreja, nos serviços pastorais, compartilhando os dons  as bênçãos que ele nos dá como sinal de agradecimento por sua presença e ensinamento entre nós também nos dias de hoje. Então percebemos que realmente existe uma cegueira coletiva a respeito das coisas de Deus. Esta reflexão hoje para nós traduz-se em um grito de alerta para nos advertir do pecado da nossa cegueira espiritual. Peçamos ao Espírito santo que abra nossos olhos e nosso coração para enxergar Jesus de verdade e segui-lo com amor.
Assim seja.

sábado, 20 de outubro de 2012

Reflexão da Palavra de Deus 21/10/2012

Tiago e João pedem a Jesus um favor. Um favor pretensioso: queriam sentar-se à direita e à esquerda do Mestre no Reino glorioso. Eles sonham um reino com honrarias, poder, destaque. Querem estar acima dos demais apóstolos. E Jesus lhes diz mais uma vez que seu Reino não é este que eles sonham. É um Reino onde quem quer ser mais importante serve os demais e quem quer ser o primeiro deve se tornar escravo dos outros. A comunidade de Jesus rege-se por critérios e atitudes opostas aos critérios do mundo. A ambição e o desejo de ser o melhor e o maior são substituídos pelo espírito de serviço. Não no sentido de que o serviço é exercido para obter o primeiro lugar, mas no sentido de que no serviço reside a dignidade. A referência ao cálice e ao batismo pode ser interpretada como a Eucaristia e o batismo como participação no mistério pascal de Cristo. O Mestre convida Tiago e João a reverem seu pedido a partir de uma revisão da mentalidade. E a assumirem os critérios do Reino. Pelo pedido de Tiago e João deixa visível para eles a ideia de um messias triunfante e com isso é lógico a visão de recompensa e poder. A mentalidade dos discípulos era a mesma dos governantes daquela época, conquista e poder. Eles tão íntimos de Jesus, e tão próximos ainda não haviam entendido o caminho da cruz, o caminho do calvário, e diante da indagação de Jesus, se eles poderiam beber do cálice e participar do batismo, imediatamente respondem que sim, e aí fica também uma lição para nós, a ambição e o desejo de status cega até os mais sábios.
Os discípulos queriam uma recompensa por seguir Jesus, participando de um lugar de honra e de muita importância ao seu lado, depois de tudo consumado. Eles queriam se sentir também importantes, como pagamento por todo o seu esforço e dedicação ao Plano de Deus.É assim que somos. Queremos e gostamos de nos sentir importantes, buscamos sempre um lugar de honra na sociedade. Porém, isso não pode acontecer com o cristão, principalmente o cristão  atuante. Jamais podemos ou devemos almejar um lugar ao lado do sacerdote no altar, com o objetivo de obter prestígio diante dos fiéis.É bem verdade que Jesus disse que a luz não foi feita para ser colocada debaixo da mesa, mais sim em um lugar alto, para que todo o ambiente seja iluminado. Do mesmo modo, a nossa luz deve brilhar diante dos homens para que todos vejam as nossas boas obras. Baseando nessas palavras de vida proferidas por Jesus, muitas vezes nós também em nossas comunidades, nós temos a tentação de nos colocar diante de todos na igreja, com ar de importância, quando estamos na execução dos nossos cargos. Seja de leitor, de ministro da Eucaristia, de catequista, temos  de tomar cuidado porque dentro de nós, haverá sempre uma tendência de nos sentir santos e importantes por estar servindo a Deus diante da assembléia.Quando a multidão queria transformar Jesus em Rei, Jesus disfarçou e saiu para outro lugar, pois o seu objetivo não era ser importante, não era de ser servido, mais sim, de servir. E Ele provou isso lavando e beijando os pés dos discípulos, para nos dar o exemplo. E o sacerdote uma vez por ano, na celebração da Santa Ceia tem de fazer isso. E os padres também, que estudam e quando estão no seminário, não vê a hora de ser transformado no homem mais importante da sociedade, aquele que é capaz de transformar a hóstia no corpo de Cristo, que é capaz de transformar um pecador em uma pessoa pura através da absolvição, poderes que lhes serão concedidos pela ordenação, poderes que lhes foram deixados por Jesus Cristo. Mas lembre-se que aquele que pretende ser o maior, o melhor, o mais importante, deve ser o menor entre todos, deve ser aquele que serve, e não aquele que pretende ser servido. O maior, e o melhor padre, é aquele que é humilde, que tem sabedoria e santidade. Não deve se iludir com os poderes que irão receber, porque o único poder verdadeiro é o servir a Deus, não devem se envaidecer com a força que receberá de Deus, mais sim, ver isso como uma santa oportunidade se servir para a salvação do mundo, e não para satisfazer a sua ânsia de ser importante.  Pense: É MUITO BOM SER IMPORTANTE. MAS É MAIS IMPORTANTE SER BOM!      Ser um bom padre, um bom médico, um bom pedreiro, um bom pai, um bom marido, uma boa esposa, um bom filho, uma boa filha, um bom colega de trabalho, um bom catequista, etc.Temos que rezar muito pelos cristãos que ocupam posições de lideranças na Igreja, para que pensem sempre nas palavras  e no testemunho daquele que foi o maior exemplo de quem é realmente o MAIOR. Aquele que abdicou de sua riqueza e de seu poder, nascendo  pobre, se fazendo pobre,  dedicando-se aos excluídos, para nos fazer ricos em virtudes, e merecer um dia a vida eterna.
Porque a pedagogia de Jesus continua a mesma naquela época e nos nossos dias de hoje: quem quer ser o primeiro, que seja o último, quer quer ser o maior, que se faça o menor, quer agradar a Deus seja um servo humilde.
Assim seja!

sábado, 29 de setembro de 2012

Os Donos da Igreja, o que fazer deles?



Celebramos hoje o DIA DA BÍBLIA. 
A Palavra de Deus sempre nos oferece uma luz
para as mais diversas situações de nossa vida.
Ela pode ser proclamada por quem Deus quer,
não é propriedade exclusiva de ninguém...

Na 1ª Leitura, vemos que a Palavra não é Monopólio de ninguém. (Nm 11,25-29)

- Moisés já idoso sente-se incapaz de continuar dirigindo o povo:
  "Sozinho não posso mais carregar esse povo".
- O Senhor lhe propõe a escolher 70 anciãos que,
  depois de ungidos pelo Espírito, o ajudariam nessa tarefa.
- Deus derramou o seu espírito sobre 70 anciãos,
  que se puseram logo a profetizar, mas não continuaram.
  E dois, que não estavam no grupo, começaram a profetizar…
- Josué vê nisso um abuso intolerável e propõe a Moisés:
  "Manda que eles se calem".
- Moisés, pelo contrário, alegra-se com o fato e afirma:
  "Oxalá todos recebessem o Espírito e profetizassem!"
  Moisés, longe de ter ciúmes, sente-se feliz
  em compartilhar com outros sua responsabilidade…
  O perigo é querer fazer tudo sozinho, ou pior não dar vez a ninguém…

* Em nossas comunidades, podemos também nos deixar levar
- pela tentação de Moisés de querer fazer tudo sozinho,
- ou pelo ciúme de Josué, de impedir o trabalho de quem não for do "grupo".

Pelo Batismo, todos recebemos a missão de ser profetas, sacerdotes e reis.
Todos somos chamados a falar em nome de Deus, anunciar o seu Reino.
Todos os batizados receberam a missão de santificar os ambientes
onde vivem e trabalham. Todos somos reis e devemos usar o poder
para cuidar com retidão de tudo e de todos como criaturas de Deus.

Na 2ª Leitura, Tiago denuncia o acúmulo de riquezas de alguns,
a custa da miséria de muitos. (Tg 5,1-6)

O Evangelho mostra que ninguém tem o Monopólio de Cristo. (Mc 9,38-43.47-48)

- Os apóstolos não conseguem expulsar o espírito mudo de uma pessoa...
- Pelo contrário, uma pessoa "fora" ao grupo consegue, em nome de Jesus...
- Os Discípulos, aborrecidos, manifestam sua insatisfação.
- JESUS rejeita o exclusivismo:
  "Não lhe proíbam... Quem não está contra, está a nosso favor".

As Leituras lembram DUAS VERDADES:

1) A PALAVRA de Deus não é monopólio de ninguém:
    deve ser anunciada por todos: "Oxalá todo o povo profetizasse"
2) O NOME de Jesus não é monopólio de ninguém:
     Mais do que pertencer ao grupo de Cristo,
     o importante é estar "em sintonia" com Jesus…
     No dizer do Papa: "Devemos ser amigos de Jesus, não donos".
     - As Igrejas separadas, que também falam em nome de Jesus,
        devemos combatê-las como inimigas,
        ou enxergá-las como possíveis parceiras no trabalho do Reino?

O REINO não pode ser um grupo fechado e fanático,
que se arroga a posse exclusiva de Deus e de suas propostas.
Deve ser uma comunidade que reconhece não ter o exclusivo
do bem e da verdade e se alegra com tantas pessoas,
que buscam a Deus com sinceridade,
praticam com lealdade o Bem, a Verdade e a Justiça,
mesmo sem pertencer ao "nosso" grupo.
- Por que ter inveja daqueles que cumprem gestos generosos
que talvez nós não tivemos a coragem para fazer?

Jesus não quer que sua IGREJA seja um gueto fechado,
mas um rebanho aberto a outras ovelhas,
que ainda não são do seu rebanho.
Deve estar sempre atenta aos sinais dos tempos,
para uma perene renovação, guiada pelo Espírito do Senhor...

- O apelo de Jesus no sentido de não "escandalizar" os pequenos
lembra a atitude que as pessoas e as comunidades devem ter
para com os "pequenos", os pobres, os que falharam, os que se afastaram,
os que têm fé sem profundidade, os marginalizados pela sociedade...
- O nosso testemunho leva-os a aderir a Cristo ou a afastar-se dele?

Os Donos da Igreja, o que fazer deles?
Em nossas comunidades cristãs, há pessoas
capazes de gestos incríveis de doação, de entrega, de serviço;
mas há, também, pessoas, preocupadas em proteger
o espaço de poder e de prestígio, que conquistaram.

São verdadeiros donos do santo e das coisas da comunidade.
Essas pessoas são responsáveis de muita gente se afastar da comunidade.
Só elas sabem, só elas são capazes, só elas dão o palpite certo.
Essa gente não está servindo à comunidade,
mas sim a si mesmo, a seu orgulho, a sua vaidade.
- Em nosso serviço na Comunidade, estamos protegendo
  os interesses de Deus, ou os nossos projetos e interesses?

Deus sempre se serviu de pessoas para anunciar a sua Palavra
e assim realizar os seus Planos de Salvação... 
- Sentimo-nos "donos" ou instrumentos da Palavra de Deus?
Por fim, destaco a minha alegria de parabenizar a Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Cotriguaçu que completa hoje os 15 anos de evangelização, de história e de fé. A todas as pessoas que se dedicam no trabalho da evangelização, Deus vos abençoe. Obrigado meu Deus por está fazendo parte dessa história. Deus seja louvado! 

sábado, 22 de setembro de 2012

“Quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas áquele que me enviou.”



A liturgia de hoje nos põe a refletir sobre o serviço gratuito e humilde. Enquanto Jesus pensava em missão e salvação, os discípulos discutiam quem seria o maior entre eles. E é pena que ainda hoje, na Igreja, nem todos tenham entendido o verdadeiro sentido do serviço e se desgastem em disputas
para provar quem sabe mais ou quem tem mais poder na comunidade. Há pessoas que ainda não compreenderam que trabalho feito em equipe rende mais e que, perante Deus, somos igualmente grandes, tanto o que fala bonito quanto o que faz as tarefas mais simples. Não é o tamanho do trabalho que conta, mas a gratuidade em servir. A vida corre melhor quando não há ninguém
derrotado. A carta de Tiago fala também de gente que não é atendida porque não sabe pedir. O que é não saber pedir? É principalmente não se colocar a serviço da vontade e da sabedoria de Deus. No entanto, existem coisas ótimas para pedir a Deus: coragem e discernimento para fazer o melhor, ternura de coração para perdoar, força para não nos sentirmos sozinhos nas dificuldades... São pedidos de atendimento garantido, porque coincidem com o que o próprio Deus deseja de nós. Ser grande no Reino é ser pequeno e servir os pequenos. O mundo moderno não entende isso. Os prepotentes sentem-se ofendidos quando uma pessoa humilde chama Deus de Pai. Ora, o humilde que chama Deus de Pai é Jesus mesmo. A grandeza não importa. Uma criança, sem poder nenhum, pode ser o representante de Jesus. E não apenas uma criança, mas qualquer pequeno ou oprimido. Todos os sem-poder do mundo parecem-se com Jesus. Nossa ambição deve ser: servir Jesus neles. Então seremos grandes. Devemos aprender com Jesus a viver como servos e servas. Não o
orgulhoso ou o ambicioso, mas o humilde consegue despertar a força do amor que dorme no coração dos homens. Podemos conseguir realizar os ensinamentos de Jesus, fazendo a experiência da leitura diária e orante da Bíblia em família e na comunidade. Como está a nossa disponibilidade
para a leitura e a vivência da Palavra de Deus?