Hoje o evangelho nos ensina uma lição... Bartimeu, cego, marginalizado, "sentado à beira do caminho, pedindo esmola", percebe o que outros não percebem: Jesus de Nazaré que passa. A sua fé, mesmo se imperfeita, é um órgão mais luminoso do que a vista dos que enxergavam. É através desta fé que ele receberá de Jesus o dom da recuperação da visão. Curado "porque teve fé", Bartimeu "segue" Jesus pelo caminho. O itinerário deste cego é um forte testemunho de fé, iluminação, chamado e seguimento do Mestre. Bartimeu põe-se a gritar por iniciativa própria: "Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!". O título que dá a Jesus, "Filho de Davi" indica que ele, mendigo, apesar de cego, vê quem Jesus é com mais clareza do que os discípulos e a multidão que têm estado com Jesus o tempo todo! Aquele homem, embora cego, percebeu, pela luz do Espírito de Deus, que Jesus era a realização desta esperança. Foi por isso que o cego tinha toda certeza de ser curado, de ser atendido pelo Filho de Deus. Embora algumas pessoas tenham tentado fazê-lo calar-se, o cego não desistiu. Ele se levanta estende os braços e grita insistentemente, como deveríamos fazer em nossas orações diárias. Pedir com insistência e muita fé. E, porque insistiu, ele conseguiu. Quando o cego chamou Jesus de Rabbuni, ou seja "meu Senhor", demonstrou toda sua confiança e fé. E foi esta fé que o salvou. No Evangelho de Mateus ,ele narra a história paralela e tem dois cegos que pedem a ajuda de Jesus e, movido pela compaixão, Jesus lhes tocou os olhos (Mt 20,33-34). No evangelho de hoje na versão de Marcos, Jesus não precisa tocar Bartimeu. Nem mesmo precisa dizer "A tua fé te salvou!", porque o grito e as ações de Bartimeu revelam sua profunda fé. Jesus é seu mestre! É exatamente essa profunda confiança em Jesus que Marcos quer evocar dos destinatários cristãos de seu Evangelho. O cego recebeu imediatamente a visão e começou a seguir Jesus "pelo caminho". O pior cego é aquele que não quer ver. Aquele cego enxergou com a alma, ou com o cérebro? Ou com os olhos da fé? Não sei. Só sei que foi através da luz do Espírito de Deus, que o fez ver, enxergar Jesus, O Messias, o próprio Deus encarnado, capaz de tudo, inclusive de curá-lo. As pessoas que rodeavam O Mestre, não tinham percebido com a mesma clareza, que Jesus era o enviado do Pai. É a cegueira da alma, a mesa que impedia os fariseus de ver Jesus como o Filho de Deus. É a mesma cegueira que impede muitos de nós de ver Jesus caminhando do nosso lado, ou nos chamando para segui-lo E nós quantas vezes temos nos mostrado sermos cegos para Jesus, cegos para ele presente vivo e ressuscitado em nosso meio. Fazendo parte de nossa vida diária e principalmente na eucaristia. Recebemos diariamente a misericórdia e as bênçãos de Jesus, mas as guardamos para nós, não "seguimos" com Jesus, paramos nisso. Não nos colocamos a serviço dele como discípulos, como missionários, como evangelizadores. Não abrimos nossos olhos para o nosso próximo, para fazer praticar a caridade, o amor que ele ensinou a compaixão. Para acolher um necessitado, visitar um doente, ouvir e consolar as pessoas aflitas, visitar e evangelizar um preso. Ou até mesmo colocarmos em missão em serviço em nossa comunidade, em nossa paróquia. SERVIR a Jesus na igreja, nos serviços pastorais, compartilhando os dons as bênçãos que ele nos dá como sinal de agradecimento por sua presença e ensinamento entre nós também nos dias de hoje. Então percebemos que realmente existe uma cegueira coletiva a respeito das coisas de Deus. Esta reflexão hoje para nós traduz-se em um grito de alerta para nos advertir do pecado da nossa cegueira espiritual. Peçamos ao Espírito santo que abra nossos olhos e nosso coração para enxergar Jesus de verdade e segui-lo com amor.
Assim seja.